A exposição ao estresse térmico gera um conjunto de reações nas bezerras leiteiras, afetando diretamente seu comportamento, consumo de alimentos e desempenho. Em condições de calor extremo, a primeira resposta das bezerras é uma mudança no comportamento.
Bezerras saudáveis são fisicamente ativas e em condições de estresse térmico reduzem sua movimentação, mudam de postura e procuram áreas com sombras. Essas mudanças de comportamento são acompanhadas, também, pelo aumento da ingestão de água, um recurso essencial para manutenção da hidratação.
Em um estudo realizado por Quigley (2001) foi observado que em um ambiente com temperatura acima de 35ºC, o consumo de água pelas bezerras da raça Holandesa com idade média de 30 dias subiu de 1,4 L/dia para cerca de 4 L/dia. Isso ocorreu devido à perda adicional de água pela transpiração e respiração. Por isso, é fundamental que desde o nascimento da bezerra seja ofertado
acesso contínuo a água limpa e em temperatura e quantidade adequada.
Além de aumentar o consumo de água,
o estresse térmico reduz a ingestão de alimentos, impactando negativamente no ganho de peso e no desenvolvimento das bezerras. Bezerras em condições de estresse térmico tendem a ingerir menos sucedâneo e concentrado, apresentando menor ganho médio diário (sucedâneo: 8,600 L/dia; concentrado 0,600 kg/dia e ganho médio diário de 660 g/dia) em comparação aquelas em conforto térmico (sucedâneo: 9,200 L/dia; concentrado 1,400 kg/dia; e ganho médio diário de 0,700 g/dia; Dado-Senn et al., 2020). Esse déficit nutricional ocorre, em parte, devido aos danos na mucosa intestinal causados pela redução do fluxo sanguíneo e pela hipertermia tecidual, o que comprometem a absorção de nutrientes.
Apesar da relevância do tema, poucas pesquisas quantificaram o aumento das exigências nutricionais subjacentes ao estresse térmico por calor em bezerras (Roland et al., 2016). Na ausência de dados mais robustos, o
NASEM (2021) adotou a temperatura de 26ºC como o limite superior crítico para bezerras, com base no estudo de
Spain and Spiers (1996), que identificaram o início da ofegância a partir dessa temperatura. Acima desses limiares térmicos (26ºC; Tabela 1),
as bezerras passam a utilizar uma maior quantidade de energia metabolizável para dissipar o calor, o que eleva sua exigência de energia metabolizável para mantença. No entanto, ao invés das bezerras aumentarem o consumo alimentar para atender a essas demandas, elas tendem a reduzir a ingestão de concentrado e leite (Roland et al., 2016).